Para relembrar: Entrevista com Daniel Radcliffe

Hoje teremos uma entrevista concedida pelo pequenino Dan para a Revista Época em 05 de novembro de 2001.

Segundo a repórter Dan era um anjinho, bonito, olhos azuis, bom aluno, inteligente e educadíssimo. No dia em que concedeu a entrevista, no Grande Salão de Hogwarts recriado nos estúdios de Leavesden, em Londres, enfrentou uma jornada de oito horas falando para jornalistas de todo o mundo e em nenhum momento reclamou de cansaço ou coisa parecida. Ao ser informado que chegara a vez da entrevista com uma repórter do Brasil, lembrou-se de uma passagem de 'A pedra filosofal': "Quando Harry vai ao zoológico, ele conversa com uma jibóia brasileira", disse todo sorridente.

Para interpretar o jovem bruxinho Dan teve que vencer dois grandes obstáculos: A própria timidez e a resistência dos pais. Alan e Marcia recordavam-se de casos de crianças famosas e problemáticas, envolvidas na adolescência com drogas e álcool e por isso relutaram em autorizar o trabalho. Felizmente, para nós, tudo deu certo e Dan deu à luz ao personagem que tanto amamos.

Qual foi sua reação ao saber que tinha sido escolhido para o papel?
Chorei à beça. Tinha passado por algumas entrevistas, mas fiz apenas dois testes. E meus pais estavam pensando que talvez não fosse bom para mim fazer esse filme. Achei que Chris Columbus tinha desistido de mim.

Você ficou nervoso nas filmagens?
Muito. No começo eu estava despreparado, porque tinha ensaiado apenas com o diretor, sem o resto do elenco. Quando cheguei ao estúdio e vi aquele monte de gente olhando, atores muito mais experientes que eu, tive medo. Estou em quase todas as cenas, sabia que muita gente ficaria esperando um erro meu a qualquer hora. Depois relaxei, e acabei me divertindo muito.

Você já tinha lido algum livro da série antes de ser chamado para o filme?
Só o primeiro. Mas confesso que não era muito amigo dos livros... Aí me chamaram para o papel e eu li A Pedra Filosofal quatro vezes. Descobri que era muito legal.

Por que você acha que esses livros fazem tanto sucesso?
Porque têm todas as coisas mais divertidas de magia, como vassouras voadoras, pessoas que desaparecem, animais fantásticos, varinhas de condão. E são mais inteligentes que muitos outros. Tem também o lado sombrio, o mistério. Isso dá um molho especial.

O que mudou em sua vida por causa do filme?
Parei de ir à escola. Tinha um professor particular que me dava quatro horas de aula por dia, nos intervalos das filmagens. Tinha também mais quatro horas de trabalho, o tempo permitido pela lei. No começo era difícil. Eu não conseguia me concentrar nos estudos. Depois me acostumei e acabei tirando as melhores notas de toda a minha vida. Fora isso, pouca coisa mudou. Meus pais fizeram um esforço enorme para que eu continuasse com uma vida normal, convivendo com os amigos da escola o máximo possível.

O que você faz com o dinheiro que ganha?
Guardo tudo. Meus pais me ajudam, põem na poupança. Quero guardar para comprar uma casa quando eu tiver 21 anos. Nem sei se é suficiente para comprar uma casa, mas se precisar eu trabalho um pouco mais e completo. (Estima-se que ele tenha recebido US$ 1,4 milhão pelo primeiro filme e mal sabia ele o quanto ainda receberia no futuro, será que dá pra comprar uma casa agora, Dan?)

Você conversou com J.K.Rowling sobre Harry?
Sim, umas três vezes. Ela me deu algumas dicas sobre Harry, elogiou meu teste, disse que estava feliz de eu ter sido escolhido. Mas, na verdade, a descrição que ela faz no livro é tão precisa que ficou bem mais fácil. Tudo o que eu tinha de saber está lá.

Você se acha parecido com Harry?
Talvez. Como ele, eu também sou curioso e fiel a meus amigos. Ao mesmo tempo, ele tem uma coragem que eu não teria em determinadas situações. Uma pessoa corajosa é aquela que escolhe um caminho que outras não escolheriam porque têm medo. E Harry faz isso várias vezes ao longo da história.

Qual é seu poder mágico preferido? Voar, desaparecer, mover objetos com a varinha?
A capa da invisibilidade. Se pudesse escolher apenas um poder, seria esse.